Grande Dr Denis, a sua colaboração sempre é infinita, à nossa Sociedade, fico Feliz, em algumas vezes em algumas horas, poder estar ao seu lado Aprendendo, Parabéns > Marcão
Olá amigos.
Acredito que estarei colaborando com o ThinkTank como um todo e com o ThikTank enquanto apoiador ou organizador da
"Escola de Formação de Líderes Políticos e Administradores Municipais", com a publicação do artigo que segue anexado.
Ele foi encaminhado hoje para ser publicado na minha coluna no site www.cotiatododia.com.br
Abraços a todos
Denis
Denis Ferrari
Espaço da Mulher
e-mail: denis@denisferrari.com.br
site www.denisferrari.com.br
A Infecção urinária e a ex-modelo
ou
pelo amor de Deus, pensem na vida
Denis Ferrari
Introdução
Considerando o grande número de perguntas que recebi sobre as circuntâncias que determinaram recentemente a morte de uma jovem modelo profissional, resolvi pronunciar-me publicamente, cumprindo, assim, um dever ético e profissional dentro do Programa de Responsabilidade Social do Espaço da Mulher.
Disseram as reportagens, e apenas nisso me baseio, que a jovem modelo morreu em virtude de uma infecção urinária causada por uma bactéria cujo nome é Pseudomonas aeruginosa.
Por não ter outros e oficiais dados a respeito dessa específica ocorrência, não posso fornecer um parecer médico a respeito deste fato específico. Não obstante, posso, e assim ajo, ciente de que estarei prestando um relevante auxílio às mulheres em geral, fornecer elementos de caráter genérico, que poderão ser úteis a todas as mulheres.
Discussão
Para que uma infecção, qualquer que seja ela, até mesmo um furúnculo, leve uma pessoa à morte, dois requisitos básicos são necessários. De um lado, a virulência ou a agressividade do agente causador da infecção (bactéria ou vírus). De outro lado, a resistência — ou a falta dela — do organismo recebedor e hospedeiro do agente agressor (bactéria ou vírus).
A tal Pseudomonas, de modo geral, é bactéria que não costuma atacar os humanos saudáveis. Mas, quando encontra um humano com seu sistema imunológico debilitado, a danada é potente. Por outro lado, o padrão de vida de uma modelo, imposto pela sociedade de consumo, imposto pela moda, imposto pelos vendedores de sonhos, imposto até mesmo pelos pais que estimulam suas filhas a ganharem dinheiro com o próprio corpo, todos sabemos, não é dos melhores.
As bactérias, sobretudo a Pseudomonas, não dormem no ponto. Aliás, bactérias não dormem em lugar nenhum. Elas trabalham o tempo todo e mais: são aéticas.
Para elas não há o bem nem o mal. Elas não têm, entre elas, honestos e bem intencionados, bandidos ou fascínoras, traficantes ou corruptos. Elas fazem única e tão somente aquilo que elas foram naturalmente programadas para fazer, a saber: manterem-se vivas e presentes no Planeta Terra.
O negócio das bactérias, bem como dos fungos e dos vírus, é encontrar lugares onde possam se reproduzir para manterem-se presentes, ao lado dos homens, no planeta que foi destinado para todos.
Os seres humanos, estes sim, são obrigados a seguir normas. São obrigados a organizarem sua forma de existir. São obrigados a dormir. Não apenas a dormir. Mas, a dormir, a se alimentarem, a trabalharem, a ganharem dinheiro, a manterem suas saúdes em bom estado e, atualmente, tanto homens quanto mulheres, são obrigados a serem belos e sarados, atléticos e “na moda”.
Antes mesmo de serem obrigados a existir dessa maneira, os homens, porque humanos e sobretudo porque mortais, são obrigados a morrer.
Os homens, entretanto, não morrem de qualquer jeito. Os homens, todos e cada um, assim como têm seus jeitos de dormir, de trabalhar, de ganhar dinheiro e de manterem suas saúdes em ordem, também têm seus jeitos de morrer.
De certa forma, todos e cada um, escolhem seus jeitos de morrer. Daí, que ser modelo, como temos visto acontecer e com frequência nos dias atuais, é um jeito não apenas de se existir enquanto vivo. Mas, também, um jeito de se morrer. E o que é pior: um jeito de se morrer enquanto jovem, que poderia ser evitado.
As mulheres, hoje e em geral, são obrigadas a serem magras e peitudas. São obrigadas a ter peles tal qual a casca de um pêssego. São obrigadas a estarem na moda, a embelezarem-se e a vestirem-se como manda a moda. São obrigadas a terem o cabelo da moda, a barriga da moda, o bumbum da moda e por aí vai. Celulite, estrias e flacidez, nem pensar. Pneu na cintura é o que basta para elas detestarem a si mesmas. Envelhecer ou simplesmente mostrar a idade que têm, nem em sonho.
E quando se trata de dar beleza ao corpo, poucas se importam com o risco de morrer que correm quando de uma cirurgia plástica, de uma lipoaspiração ou da colocação de uma prótese mamária de baixa qualidade, em lugares inadequados e impróprios. Até porque as pseudomonas vivem muito bem, nadando de braçadas, em ambiente hospitalar e em equipamentos médicos.
Poucas mulheres se importam se o produto que está sendo colocado em suas cabeças para uma escova progressiva contém ou não formol. Nenhuma sabe qual a composição do creme, do baton ou do delineador que estão colocando em contato com seu corpo. Pouco se importam se tais produtos podem conter agentes nocivos para seu corpo. E entregam seus corpos para qualquer esteticista que coloque uma faixa nas ruas e ofereça promoções ou vantagens monetárias para um “tratamento de beleza”.
Na verdade, ninguém obriga uma mulher a fazer qualquer coisa. Na verdade, todavia, todos obrigam uma mulher a fazer tudo.
Quem mostra a moda para as mulheres e lhes abre o caminho para uma pressuposta felicidade, são certos homens e certas mulheres. São os empresários e as empresárias que lucram dinheiro com a moda, com a promessa de beleza, felicidade e juventude eterna. Juntamente, é claro, com as modelos profissionais que mostram, usando o próprio corpo, o que é e como se deve agir para se ser bela, para se ter a felicidade garantida e para lucrar-se com a jovialidade.
A vida dessas modelos profissionais, no entanto, para serem o que são e como são, não é nada fácil. E o que elas fazem para satisfazerem as necessidades e desejos dos vendedores de sonhos e ilusões, assim como para satisfazerem a avidez pelo dinheiro desses mesmos vendedores, é coisa que as aproxima da morte mais do que as coloca em vida.
Para começar, elas tem de ter um corpo do tipo “pau de virar tripa”. Têm de ser magérrimas. E nem todas são magérrimas de nascença, por sua boiologia, sua genética ou sua constituição própria. Nem todas são naturalmente magérrimas. Então, elas têm de se tornar, ou de se fazerem, magras. E isso, lógico, quer dizer: não fornecer ao corpo o alimento que ele precisa para ser como deveria ser pela natureza da pessoa da modelo. Isso significa viver em débito consigo mesma, sobretudo com seu corpo. Significa viver com baixa resistência e imunidade deprimida.
Acrescente-se a isso, o fato de que o estilo de vida das modelos faz exigências que podem ser consideradas atrozes e desumanas. É vida dura. É vida de trabalho estenuante. É vida de noites mal dormidas ou não dormidas. É vida de horas de trabalho que consomem uma energia brutal do corpo das modelos. É vida que sobrecarrega demais todo o sistema de funcionamento corporal dessas mulheres. É vida que enfraquece e de modo geral, a saúde dessas pessoas. É vida que acaba com a resistência de qualquer humano. É vida que as impede não apenas de comer mas, inclusive de fazer xixi. È vida, enfim, que torna o corpo das modelos vulnerável à colonização por bactérias.
O pior, é que até parece que elas gostam disso. Vangloriam-se, por exemplo, das bolhas nos pés. E mal sabem elas que, com suas resistências decaídas, com suas bexigas cheias e suas bolhas nos pés, podem encontrar a morte antes desta lhes chegar “ao natural”.
Interessante é que pugilistas, jóqueis e pilotos de Fórmula Um, são pesados e avaliados medicamente antes e depois da realização dos seus trabalhos. No mundo da moda não existe isso. Não há contrôle desse tipo. E as modelos, inclusive, são orientadas para esconderem seus pesos. Isso está na Internet, basta ser curioso para constatar tal fato.
As Pseudmonas não desfilam. Elas não vivem querendo ser belas. Elas não querem ser top-models ou símbolos sexuais. Não há beleza nem feiura no mundo das bactérias. Isso é coisa apenas e tão somente de humanos. Coisa inventada pelos homens e para os homens.
As bactérias não têm sequer interesse em ganhar dinheiro. O negócio delas é única e tão somente sobreviver. E se encontrarem um lugar, qualquer lugar, onde sua sobrevivência seja possível, é para lá que elas vão, é lá que elas ficam se reproduzindo e é lá que elas fazem apenas o que elas precisam fazer, pela e por sua natureza: manterem-se vivas.
As modelos também querem, como todo e qualquer humano, como até mesmo as bactérias, sobreviver. Apenas que, sobreviver, para elas, significa fazerem–se belas artificialmente, às custas da própria saúde, para desfilarem, para fotografarem, para serem usadas, enfim, na divulgação da moda e sobretudo na divulgação do nome dos modelistas, das griffes e das empresas de confecção de roupas ou fabricação de produtos de beleza.
Não há celebridades entre as bactérias. Contudo, entre os humanos, todos querem ser celebridades. Mesmo que seja apenas e tão somente pela exposição de um corpo cheio de beleza e vazio de saúde. De um corpo cheio de beleza, porém, vulnerável às bactérias e à morte. De um corpo cheio de beleza e vazio de amor próprio. Um corpo, enfim, para ser utilizado pelos e para os próprios homens.
Que tristeza !
O grande mal da humanidade foi achar que tudo, para ter algum valor para os homens, teria de ter alguma utilidade para os próprios homens.
Os homens olham um rio e enxergam energia elétrica. Olham a Floresta Amazônica e enxergam um móvel em sua casa. Olham para o subsolo da Amazônia e enxergam os supercondutores conseguidos mediante a extração e o uso do nióbio que lá há.
Os homens, enfim, enxergam a natureza por aquilo que dela podem extrair para ser útil aos homens. Enxergam a natureza como matéria prima, como um fundo de reservas ou como um estoque de materiais para ser utilizado pelos homens no presente e no futuro. Enxergam a natureza como fonte de riqueza, como a estão enxergando hoje os ecologistas rasos, que exploram a natureza sob o rótulo de eco-turismo, de marqueting ecológico ou de sustentabilidade.
Os humanos olham para os homens assim como para as mulheres, e enxergam ambos pela utilidade que possam ter para os próprios humanos. Os humanos fazem dos homens e das mulheres coisas úteis para serem consumidas pelos próprios humanos.
Os humanos, radicalizando, enxergam os homens e as mulheres por aquilo que ambos podem render de dinheiro.
As modelos, que tristeza, são humanos úteis para os próprios humanos. São humanos utilizados e consumidos pelos próprios humanos. São humanos transformadas em coisas úteis para serem consumidas pelos próprios humanos. São humanos transformados em coisas rentáveis, monetária e financeiramente, pelos e para os próprios humanos.
E as mulheres aceitam isso !
As mulheres, ao que parece, gostam disso !
As Pseudomonas não. Elas só querem sobreviver. É tudo o que elas sabem fazer. Elas não se utilizam umas das outras para sobressairem-se, para serem a mais bela Pseudomonas do mundo, para ser a Miss Mundo-Pseudomonas, para serem a mais rentável Modelo-Pseudomonas.
As Pseudomonas não precisam de dinheiro para sustentar, como as mulheres que ganharam a beleza de graça, uma família pobre. Elas não precisam de uma certa maneira de existir que consome a própria vida e uma vida própria. Elas simplesmente vivem e não estão nem aí se são feias ou bonitas, úteis ou não, pobres ou não, se moram numa favela, andam a pé e namoram uma Pesudomona-Zé Boné, ou se moram em Mônaco, andam de iate e namoram um ricaço famoso.
Entre as Pseudomonas não há competição para eleger-se a Pseudomona-sex symbol. Elas nascem peladas e morrem peladas, sem importarem-se com a cintura e sem desejarem obter fama para serem celebridades.
Entre as pseudomonas não existem caçadores de modelos. Nem agências que recrutam meninas em currais interioranos e as encaminham para as capitais, para fazer delas cabides vivos e ambulantes de passarelas.
As Pseudomonas não constróem um mundo para nele e dele existirem. Elas não organizam-se mediante a construção de padrões para serem seguidos por todos. Elas são, por natureza, uma massa invisível. Elas não fazem, da sua população, uma massa ou um “a gente” invisível, para ser controlada, dominada e tiranizada pela tecnologia e pela moda.
Onde der para uma Pseudomona qualquer sobreviver, é lá que ela estará fazendo apenas e tão somente aquilo que foi determinado, pela natureza ou pelos divinos, para elas fazerem, ou seja: simplesmente sobreviver.
Existem lugares onde as Pseudomonas vivem bem. São paraísos para elas. Esses lugares são justamente aqueles que simplesmente não oferecem resistência a elas. São lugares hospitaleiros e acolhedores. São lugares que oferecem boas condições para elas fazerem simplesmente aquilo que elas sabem fazer, ou seja, sobreviverem e reproduzirem-se.
Um desses lugares é o solo. Mas, adaptam-se bem a outros ambientes. Mas, se encontram um corpo humano debilitado, a ponto de não lhes oferecer resistência e a ponto de ser hospitaleiro e acolhedor às pseudomonas, é o que basta. As pseudomonas o transformam em habitat onde encontram fartura. Onde encontram o alimento de que necessitam para fazerem nada mais nada menos do que aquilo que é preciso fazer para sua simples sobrevivência.
Uma bolha no pé ou um corte na pele, desses que acontecem quando uma manicure se desconcentra, ou aquele feito por um cirurgião para salvar uma vida ou para satisfazer a necessidade de beleza sentida por uma mulher, são portas que abrem o corpo humano para que as pseudomonas encontrem um lugar ótimo para viverem e reproduzirem-se.
A garganta, os ouvidos, o nariz, a vagina, a uretra, são aberturas naturais que comunicam o interior dos corpos humanos com o mundo externo aos corpos dos homens. Por todos esses lugares, orifícios naturais ou artificialmente criados, entram, entre outras, as Pseudomonas. E se encontram um oganismo que não lhes impõe um limite, que não lhes ofereça resistência, elas fazem a festa.
Homens e pseudomonas vivem em harmonia desde que elas fiquem no solo e desde que os humanos sejam saudáveis. Elas lá e nós aqui, não tem problema. Compartilha-se o mesmo planeta sem que um estorve o outro. Ambos, afinal, tiveram o mesmo Deus como Criador. Mas, quando um humano debilitado e sem defesas, com seu sistema imunológico deprimido, entram em contato, o homem leva desvantagem de cara. Porque não a enxerga. Porque não a vê penetrar em seu organismo. E muitas vezes nem sabe que seu organismo está debilitado.
Aquela Pseudomona esperta, que penetra numa bexiga humana, por exemplo, é invisível. E só poderá ser notada depois que, para sobreviver e por sobreviver, causa uma lesão no corpo humano. Só poderá ser vista depois de colocada sob a ótica de um microscópio. E até chegar a uma lâmina para ser observada em sua pequenez, já terá causado uma lesão ou uma doença. Uma Infecção Urinária, por exemplo.
A urina retida na bexiga por longo tempo, coisa frequente de acontecer entre as mulheres, é banquete para as pseudomonas. É convite para que as pseudomonas participem de uma festa, de um verdadeiro churrasco, maior que esses patrocinados por políticos para conquistar votos ou para comemorar a vitória.
E se o corpo que tem tal bexiga estiver debilitado imunologicamente, ele não oferece à propria bexiga os anticorpos necessários para que uma primeira barreira de defesa aja eficazmente. Sem tal barreira, o corpo todo se transforma em passarela para que as pseudomonas por ele desfilem. Ele todo se transforma palácio para um evento festivo para as Pseudomonas. E trágico para o dono desse corpo.
Um dos jeitos humanos de se viver é não dar acolhimento a uma pseudomonas. É ter boa saúde. Bom estado imunológico. Um dos jeitos humanos de se morrer é dar acolhimento e ser hospitaleiro para com as pseudomonas.
E isso, gente, pode ser visto ainda de modo mais alargado. Pois, um dos jeitos humanos atuais de não se resolver nada ou de não se dar um fim saudável às questões humanas, é justamente esse: ser hospitaleiro.
Bom dia; boa tarde; pois não; o senhor aceita um cafezinho; disque um para falar com o setor X, disque dois para tal serviço; estamos fazendo de tudo para atendê-lo; por favor preencha este cadastro para sua segurança; preencha este formulário para receber nossas ofertas; vamos aplicar apenas uma injeçãozinha na senhora; oi mãezinha, aqui está seu bebezinho; coloque suas queixas ou sujestões nesta caixa; desculpe, o sistema está fora do ar... Tudo isso, e mais um montão de falas e trejeitos, hoje é ensinado epraticado tecnicamente, na base do how to do, para se fingir que se está fazendo algo, em sua essência, bem feito e para o bem estar do outro. Mentiras, que recebem o nome de hospitalidade.
Hospitalidade, depois que entrou para um certo academicismo localizado, fraco em defesas e deprimido em resistências, passou a ser tema para dissertações de mestrado e teses de doutorado. Mediante tais maneirismos acadêmicos, passou a ser técnica para ludibriar humanos. Percebam como todos estamos sendo mais bem atendidos hoje em dia. Porém, estamos cada dia mais vendo nossos esforços fracassados no que diz respeito à obtenção daquilo de que realmente carecemos. E falo de cátedra. Porque, afinal, hospitalidade e hospital, coisa que conheço de sobejo, têm a mesma origem. Entre nesses palácios de mármore em que se transformaram os hospitais. Hospitalidade extrema, com televisões de plasma a cada dez metros, pianos de cauda, saraus, restaurantes sofisticados, caixas eletrônicos de bancos, poltronas confortáveis, boutiques, floriculturas e, lá dentro, lá no íntimo, injeções feitas em locais corporais inadequados, pacientes desmaiando em banheiros em primeiro dia de pós-operatório sem a presença de enfermeiras e pseudomonas à vontade. Tudo com certificado de qualidade. Em cada pôsto de enfermagem, oito a dez funcionários. Dois, no máximo, com seringas e medicamentos nas mãos. O restante, preenchendo planilhas e digitando em computadores para dar conta da burocracia.
Bem recebidas, acolhidas com hospitalidade e proliferando-se no interior de uma bexiga, as Pseudomonas causam uma cistite (infecção da bexiga) ou uma Infecção Urinária. Se o corpo não oferece resistência, se é hospitaleiro e acolhe as pseudomonas, elas transformam-se num verdadeiro exército, cujo objetivo é tomar todo o território. E tal exército se põe em marcha. Sobe pelos ureteres — que são os canais (dois) que ligam a bexiga aos rins — e tomam de assalto ambos os rins. Causam, então, uma Pielonefrite.
Quando na bexiga, esse exército encontra ainda um outro caminho para penetrar na intimidade do corpo humano. Um vaso, veia, conduz o exército de pseudomonas para o coração. E este, inocentemente, embora sentindo o ataque do exército, encarrega-se, enquanto pode, de distribuir as pseudomonas para todo o organismo.
Enquanto as pseudomonas estão apenas passeando pelo organismo, dizemos que está havendo uma bacteremia. Mas, quando as pseudomonas resolvem proliferar nessa corrente circulatória e nos lugares onde elas estacionarem, acontece o que chamamos de septicemia. Neste caso, encontra-se pseudomonas fazendo o que sabem fazer nos pulmões, no fígado, no baço, no pâcreas, no cérebro, em todos os órgãos, enfim. E o que sabem fazer, infecta e destrói o ambiente que as hospedou.
Enquanto as pseudomonas estão em atividade, proliferando-se e tomando todos os órgãos, formam-se inflamações na camada interna das veias e das artérias, a ponto de causar obstruções. De ínicio, tais obstruções bloqueiam a passagem de sangue nas artérias e veias mais fininhas. Essas artérias e veias fininhas que ficam no interior do corpo humano não são visíveis por nós. Então, não enxergamos as alterações que estão acontecendo. Só percebemos alguma coisa quando as artérias e veias fininhas superficiais e mais distantes do coração, como as das mãos e pés, passam a bloquear a ida de sangue para os tecidos e células por conta de coágulos que se formam em seu interior. Não recebendo sangue, as células dos tecidos superficiais (pele) não recebem oxigênio, e morrem.
A morte das células da pele (necrose) por isquemia (falta de irrigação) e anóxia (falta de oxigênio), é constatada na medida em que os membros ficam pretos. A isso dá-se o nome de gangrena.
Algo semelhante a essa gangrena está acontecendo também no interior do corpo. Em todos os órgãos. O sangue que corre em todas as artérias e veias vai se coagulando e a não passagem do mesmo para os órgãos causa falta de oxigenação e falência no funcionamento de todos os órgãos. A esse processo dá-se o nome de Coagulação intra-vascular disseminada.
A obstrução da passagem de sangue para as células do cérebro (isquemia cerebral) leva à anóxia (falta de oxigenação do tecido) e morte do tecido (necrose). Daí, o coma.
O corpo, todo, morre.
E tudo começou com uma aparentemente simples cistite.
E isso não é incomum. Ao contrário, é relativamente frequente. Minha mãe morreu desse jeito numa UTI de um grande hospital de São Paulo e pior: por negligência dos médicos que, por puro orgulho, não aceitaram minha intromissão e não fizeram o exame de urina que eu pedia para ser realizado. Eles estavam muito interessados com a dosagem da enzima”X3Pk4Ink da ponta da unha do dedo mínimo da mãe esquerda daquela dona do leito 4” e, por serem neurologistas magistrais e internistas fabulosos, preocupados com a própria imagem e posição, imagine se eles iriam se preocupar com um xixizinho daquela velha. E tem mais: nem eles, nem os diretores do tal hospital dignaram-se a assinar o atestado de óbito. Imaginem se eles iam passar recibo de que a morte da Dna Lúcia deveu-se a uma Infecção Hospitalar por pseudomonas. Vocês pensam que isso acontece só com leigos e com gente pobre em centro de saúde ou hospitaleco de periferia?
Pois bem. Morreu a modelo que pôde ter sido vítima de uma aparentemente simples cistite ou infecção urinária (ardor ao urinar), que transformou-se numa pielo-nefrite (infecção dos rins com dor nas costas), que transformou-se numa septicemia, que virou uma coagulação intra-vascular disseminada, que se manifestou com necrose de membros e que pôde ter gerado uma insuficiência renal aguda, coma, falência múltipla de órgãos e morte.
Conclusão
Gente, atenção !
Atenção para com a vida, como um todo.
Prestem atenção nesse nosso jeito de existir ou seja, no tipo de vida que estamos tendo. Prestem atenção nos nossos atuais jeitos de existirmos vivos. Prestem atenção nos jeitos atuais de morrermos. Prestem ainda mais atenção nos jeitos de morrer que estamos inventando.
Parem, pelo amor de Deus, para pensar um pouco.
Esse nosso mundo está louco. Nosso jeito de exitir está doente, seriamente doente. Nosso jeito de morar no mundo que nós mesmos criamos é insalubre, é adoecedor. O nosso mundo está cada dia mais inóspito para nós, humanos. Morrer, hoje e em que pese as propagandas fraudulentas que são feitas enaltecendo os avanços da medicina, está mais fácil do que se imagina. Viver está sendo cada dia mais letal !
Ser modelo e motoqueiro, hoje, são jeitos novos de se existir vivo e jovialmente, sim. Mas, também são jeitos novos de se morrer jovem.
Morrer-se por causa de uma infecção urinária é sinal grave, gravíssimo, de falta geral de amor à vida. De descaso para com a própria humanidade. De menosprezo dos homens para com os próprios homens. De desdém para com o existir humano.
E no “mundo da moda”, em parceria com o “mundo da comunicação e da mídia”, rola um rio caudaloso de dinheiro mediante o uso de humanos. Mediante o uso deletério e nefasto da vida humana.
O morrer de uma jovem modelo rende notícias e dinheiro. Rende quantias que o existir de um simples humano não rende. E dizem, com a maior cara de pau, que noticiam tais mortes em benefício da conscientização das pessoas. Dão essa notícia e, em seguida, apresentam uma reportagem do São Paulo Fashion Week, seduzindo, não tenham dúvidas, mais mulheres jovens a serem coisas úteis para os humanos.
O Shoping Center mais sofisticado de São Paulo, na tarde do dia 22 de janeiro, eu estive lá num almoço com amigos médicos, estava lotado de meninas, jovens de 13 a 18 anos, compridas, magérrimas e de mini-saia, nitidamente abaixo de seus pesos ideais, sonhando em ser modelos profissionais. E talvez sonhando com o sorvete que não se davam ao direito de tomar.
Pensamos, enquanto almoçávamos. Se uma daquelas meninas, pela sua constituição biológica, natural e genética, tivesse de pesar 60 kilos, pesar 38, 40 ou 45 kilos, é sinal de desnutrição. É sinal de baixa resistência. É sinal de sistema imunológico deprimido. É sinal premonitório de que algo de grave pode acontecer com elas, se já não estiver acontecendo em surdina.
Tivemos vontade de acolhê-las entre nós, de sermos hospitaleiros, de oferecer-lhes comida e de conversarmos sobre o que poderia estar acontecendo dentro daquele corpos minguados. Não o fizemos porque consideramos que estaríamos sendo mal recebidos. Elas não nos acolheriam. Não seriam hospitaleiras. Nos chamariam de velhos cagás. E até maginariam que estaríamos querendo cantá-las.
Numa outra oportunidade, anos atrás, fui comer num restaurante famoso de São Paulo. Minha mulher e eu ficamos espantados ao ver que, na mesa ao lado, uma gordinha comia comida enquanto sua amiga, magérrima, comia comprimidos de um laxante muito conhecido. Ritualisticamente ela abriu as embalagens de 20 desses comprimidos. E ingeriu um a um enquanto a outra, e nós, ingeríamos comida. Dias depois, a magrinha estava na capa de uma dessas revistas que ganham dinheiro com fofocas e frivolidades. E nenhum tratamento médico, nem preparo para qualquer tipo de exame, exige o consumo de 20 comprimidos de laxante de uma vez só.
Concluindo, e fazendo o que posso fazer em prol da vida e de uma existência saudável, rogo e de joelhos, que procurem um médico aos primeiros sintomas de uma cistite ou infecção urinária. Ardeu ao fazer xixi, não pensem duas vezes. Corram para um médico. E no presente momento, do jeito que as coisas estão, espero que tal médico saiba fazer o que deve ser feito para mantê-lo ou mantê-la afastada da morte.
Mais do que isso, rogo, de joelhos e prostrado aos seus pés, que pensem, pelo amor de Deus, no estilo de vida que está sendo disponibilizado para sermos humanos, para entender-nos como humanos, para reconhecer-nos como humanos e para termos nossas humanas e mundanas necessidades atendidas.
Estamos demasiadamente afastados dos jeitos naturais e saudáveis de se existir sendo humanos. Estamos vivendo de um modo demasiadamente humano e artificial. Precisamos, urgentemente, repensar a vida e criar novas modalidades de existência, novas formas de se existir.
Pensando bem, de que adianta ter uma Medicina que promete vida longa, se as formas que estamos escolhendo para existirmos mata os humanos enquanto jovens, antes de atingirem os 82 anos de expectativa de vida. Violência doméstica, assaltos, drogas, atropelamentos, quedas de motos, infecções urinárias (e outras doenças, como as sexualmente transmissíveis), guerras etecetera, estão matando jovens em número talvez maior do que o morrer pelo desgaste natural, pela idade avançada.
Que tal pararmos um pouco para pensar. Que tal pararmos juntos e pensarmos juntos ! Duas horas por semana, para começarmos. Já fizemos isso aqui, no Espaço da Mulher, com as Terças Femininas. Atualmente fazemos isso no Think Tank, coordenado pelo Dr Roberto de Ulhôa Cintra, por exemplo, cujas reuniões acontecem às terças-feiras à noite (informe-se e compareça – fone 4612-8458).
Não fique parado(a), pelo amor de Deus. Agite-se. Viva ! Mostre-se vivo(a) ! Saia do anonimato. Pronuncie-se. Mudemos esse mundo. Caso contrário, seremos todos co-autores de uma grande derrocada.
Ponham na cabeça: os homens são os mortais. Tudo em que o homem toca e tudo o que toca o homem, fica com marca do homem, fica com a marca dos mortais, fica com a marca do morrer inerente aos humanos, aos mortais. Tudo, portanto, que toca o homem ou é tocado pelos homem, tende para a ruína.
Acontece, que os homens não nasceram apenas para morrer. Os homens, porque nasceram, nasceram para começar. Os homens, porque nasceram, porque já agiram, sabem dar nascimento a um novo humano, a uma nova humanidade, a um novo mundo humano e a uma nova forma de habitar o mundo humano.
A diferença é que, para morrermos e encaminharmos tudo para a ruína, basta sermos humanos e mortais. Não precisamos fazer nada. No entanto, para fazermos nascer alguma coisa, para inovarmos, para criarmos um mundo melhor, para inventarmos uma maneira melhor de existirmos, é preciso disponibilidade, é preciso vontade, é preciso pensar, é preciso falar, é preciso agir, é preciso sermos uns com os outros, é preciso gastarmos energia.
Muitos de nós estão fazendo isso. Eu estou fazendo isso, inclusive com estes meus artigos.
Por que você também não pode fazer ? Por que você também não se expõe. Medo de que ? Lembre-se: tudo, sempre, pode piorar. Quer ser visto no futuro e pelos seus netos como um inerte, como um parasita, que ficou sentado à frente da Globo escutando o plim plim imbecilizador, enquanto poderia ter dado um fim melhor ao seu tempo participando da fundação de um mundo melhor para eles? Vai ficar aí, parado, imaginando que o Obama vai, em sete dias, ou em sete anos, repetir — e melhorado — os feitos de Deus ou dos deuses?
Caia na real. Olhe para seu entôrno. Será que não há nada que você possa fazer para mudar esse estado verdadeiramente calamitoso e catastrófico em que nos encontramos lançados?
Pelo menos uma coisa. Não deixe sua filha ser transformada em objeto ou em coisa para servir de cabide para roupas, penteados, maquiagens, sapatos etc... Mulher é mais, muito mais que coisa. Merece respeito. Respeito enquanto humano que é. Eduque bem sua filha, desde o berço, para que, no final da infância ou no início da adolescência, ela não seja vulnerável à convites para desfilar, nem vulnerável a pseudomonas assassinas.